Para lojistas e associação, demora no cumprimento da norma se deve à falta de orientação por parte da prefeitura.

Prefeitura não comenta críticas; prazo para adequação à nova lei foi prorrogado até o dia 10 de setembro

Enquanto no centro de Ribeirão Preto comerciantes correm para adequar suas fachadas à lei Cidade Limpa, com trabalhos à noite e aos fins de semana, em outros corredores comerciais do município os efeitos da nova legislação são bem mais lentos.

A Folha apurou que o problema ocorre porque a fiscalização nas regiões distantes do comércio central é menos intensa. Procurada, a prefeitura não respondeu à crítica.

Além da fiscalização menor, os comerciantes alegam que as adequações não ocorreram por falta de capital e dificuldade de contratar empresas que fazem o trabalho.

O período inicial para a retirada de fachadas irregulares era de 30 dias contados desde 11 de julho, mas o governo Dárcy Vera (PSD) -candidata à reeleição- ampliou o prazo até 10 de setembro, após conversa com representantes do comércio.

O presidente da Acirp (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto), José Carlos Carvalho, disse considerar "natural" que a adequação "vá migrando" mais lentamente da região central para a periferia. Segundo ele, isso ocorre devido ao perfil do comerciante do centro, que em geral tem mais pressa de resolver essas questões.

Ele atribui a situação também a "uma certa deficiência" da Prefeitura de Ribeirão para orientar os donos de estabelecimentos na periferia.

"Acredito que o trabalho poderia ser realizado de uma forma mais eficiente desde o início. Faltou divulgar as novas regras de maneira mais didática, com cartilhas e outras formas de publicidade", afirmou Carvalho.

Além disso, conforme o presidente da Acirp, faltam empresas que façam o serviço de retirada das fachadas em Ribeirão Preto.

A vantagem dos lojistas fora do centro é a possibilidade de eles contratarem esse trabalho durante o dia, já que o movimento é menor, afirma Renata Martins, 42, gerente de loja da avenida Dom Pedro 1º, no Ipiranga.

SEM RECURSOS

O empresário Ronaldo da Silva Azize, 59, dono de uma revenda de baterias automotivas no corredor comercial da avenida Fernando Mendes Garcia, no Ribeirão Verde, disse que ainda não fez a mudança em sua fachada porque aguarda recursos da empresa que "patrocina" a pintura de sua loja.

Ele afirma que na periferia a adequação é mais demorada devido à característica do comércio. "Falta dinheiro mesmo. A realidade aqui [fora do centro] é diferente."

Segundo a Acirp, a retirada dos painéis e fachadas pode custar até R$ 2.000.

Renata Martins, gerente da loja no Ipiranga, afirma que a mudança nas fachadas de fato começou depois do centro, mas que "muita gente já está se movimentando".

Para ela, o início tardio das adequações pode ter ocorrido porque muitos comerciantes "não acreditaram que a lei ia pegar". "Depois que a fiscalização veio pela segunda vez, acho que o pessoal despertou", afirmou.

 OUTRO LADO

Prefeitura não comenta crítica à orientação da lei

A assessoria de imprensa da Prefeitura de Ribeirão Preto não respondeu às perguntas enviadas pela Folha sobre a fiscalização da lei Cidade Limpa e limitou-se a passar, por e-mail, dados referentes à primeira semana de vistorias.

Nenhum funcionário da prefeitura foi autorizado a dar entrevista sobre o assunto.

Questionada especificamente sobre a crítica de que há "deficiência" do governo municipal em orientar sobre as nova regras, a assessoria de imprensa não respondeu à reportagem.